Saturday, March 29, 2008

Dependência Tecnológica


Esta minha reflexão tem um ponto de partida, sobre o qual irei fazer uma breve e sintética referência porque já muito se tem falado e escrito sobre este assunto. Refiro-me ao caso de agressão e de mau comportamento que aconteceu na Escola Secundária Carolina Micaelis no Porto. Como devem estar a par, uma professora tentou retirar o telemóvel de uma aluna que estava a utilizar indevidamente o mesmo na sala de aula. A reacção desta aluna foi, de facto, excessiva e reprovável. Tendo em conta a reacção e o comportamento daquela aluna de 15 anos, e a maneira como tratou a sua Professora, que lhe estava a tirar o seu telemóvel mostra, o grau de nervosismo e de forte relação que esta rapariga tinha (e de certeza, que mantêm) como seu telemóvel, podemos afirmar que o telemóvel assume um papel importante para esta rapariga, a ponto de, eventualmente a influência na sua forma de comunicação e de relacionamento em grupo, em comunidade e em família. Independentemente, das causas e das consequências deste caso, podemos constatar que os telemóveis são muito importantes para os adolescentes.

Dado o ponto de partida, coloco a seguinte questão – estaremos física e psicologicamente dependentes da tecnologia? Não tenho conhecimentos científicos que me permitam afirmar de cátedra a realidade desta dependência, mas, tal como a maioria das pessoas, sinto que existe uma dependência entre o Homem e a Tecnologia, na sua globalidade.

Podemos apontar variadíssimos exemplos, e começando pelas nossas casas. Existem hoje diversos equipamentos que utilizamos na cozinha, e que verdade seja dita, tem mais benefícios do que prejuízos para nós – desde o frigorifico necessário para armazenar e conservar alimentos e bebidas; a varinha mágica e outros trituradores; o fogão e micro-ondas para aquecer e cozinhar alimentos e preparar refeições quentes; a máquina de lavar loiça (apreciada por quem não gosta muito de estragar as unhas e a pele….). Outros equipamentos fazem as delícias do nosso bem-estar em casa, como as televisões, os leitores de CD’s e de DVD’s, os dispositivos que permitem ligação à televisão por cabo e à Internet, os computadores pessoais para uso doméstico e pessoal, os telefones fixos, os equipamentos de ar condicionado e a própria luz que necessitamos para sustentar a utilização destes equipamentos. Não devemos também esquecer os meios de transporte pessoal, como os carros e as motos, que estão ao nosso alcance, e que nos permitem uma elevada e rápida mobilidade entre locais distantes. Conseguia-mos nós, hoje em dia viver sem estas máquinas, sem toda esta tecnologia?

Ligando esta última questão ao caso que serviu de ponto de partida, e orientado-me um pouco pela minha experiência profissional a lidar com adolescentes e jovens até aos 20 e poucos anos, não tenho dúvidas de que os jovens para comunicarem, para socializarem, e para se marcarem a sua presença, precisam de telemóveis, da Internet, e de mais alguns equipamentos e serviços tecnológicos. As novas gerações (entre até aos 25 anos aproximadamente) lidam intimante com a tecnologia e estabelecem com ela uma relação de dependência e de falta de alguma dominío psicológico sobre muitas máquinas, como o casos do computadores e dos telemóveis.

Certas são as consequências, penso eu, que esta dependência pode provocar. Uma delas pode ser a tendência para alterações emocionais constantes nestes jovens, que poderão ter uma diminuição na sua capacidade de auto-controle e de estabilidade nas suas emoções. Atrás referi-me também à dependência dos jovens para com a Internet, e de certa forma, podemos assumir essa dependência como um facto. Ora, a uma das grande vertentes da Internet é fornecer informação em qualquer altura, em qualquer lugar e sobre quase todos os assuntos; assim sendo, os jovens têm ao seu dispôr inumeras fontes de informação que podem sofrer de inconcistência e de inverdade ciêntifica e pedagógica. Os jovens também perdem capacidade de pesquisa e interesse em realizar investigação documental nas bibliotecas, por exemplo, o que desvaloriza a importância dos livros.

Uma alteração que tem sido progressiva, mas que do meu ponto de vista não é benéfica, é a forma de comunicação que os jovens (e alguns adultos também) tem vindo a estabelecer através das tecnológias. O recurso cada vez mais intenso à Internet como ferramenta de comunicação e aos telemóveis, que também possibilitam a comunicação escrita, estão a distanciar as pessoas (jovens e menos jovens) das relações inter-pessoais e da comunicação presencial. A qualidade e a capacidade de comunicação também saem prejudicadas com este execesso de utilização das novas tecnologias de comunicação.

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