Thursday, July 19, 2007

Saramago - um profecta (por enquanto português) em Espanha

É recente a afirmação de José Saramago sobre a possibilidade de Portugal ser uma provincia de Espanha, tal como é a Catalunha, ou a Galiza. É compreensivel esta afirmação, afinal Saramago vive rodeado de espanhois e de Espanha, ouve todos os dias a lingua castelhana, provalvelmente lê os jornais espanhois, ouve rádio espanhola e vê a TVE. As opções individuais de cada um de nós, são perfeitamente respeitaveis. Mas são apenas individuais, e não devem ser submitidas (a uma expressão que Saramago possivelmente utilizou muito no passado) ao Colectivo - entende-se como o Povo ou População.
Não retiro alguma lógica às palavras de Saramago, afinal temos Espanha logo aqui ao pé, é o pais com o qual temos maiores relações comerciais e financeiras, temos um percurso histórico semelhante, e uma linhagem religiosa, linguistica e cultural comun. Mas temos mais de 800 anos de vidas à parte, de caminhos separados, ao nível governativo, a nível político, económico e cultural. Ambos os paises, Portugal e Espanha, são Estados de Direitos, regidos por uma constituição repúblicana, no caso português, e outra parlamentar submetida à representividade monárquica, no caso espanhol.

Não é a primeira vez que uma figura pública portuguesa, provoca a opinião pública com a possibilidade de virmos a ser, politicamente, integrados em Espanha. António José Saraiva, à cerca à poucos anos atrás, quando era Directo do jornal Expresso, também vislumbrou essa possibilidade, e apresentou argumentos parecidos aos que Saramango apresentou agora, nomeadamente o crescimento da força do poder económico espanhol em Portugal.

João Céu e Silva, jornalista do Diário de Noticias, colocou a seguinte questão a José Saramago: "Seria, então, mais uma província de Espanha?" e Saramago respondeu - "Seria isso. Já temos a Andaluzia, a Catalunha, o País Basco, a Galiza, Castilla la Mancha e tínhamos Portugal. Provavelmente [Espanha] teria de mudar de nome e passar a chamar-se Ibéria".

Depois desta intervenção de Saramago, será caso para questionar...Será que Olivênça algum dia vai ser nossa..?

Monday, July 16, 2007

O conforto de acreditar na esquerda

Este artigo foi escrito por mim há cerca de 6 anos, mas talvês devido á vitória do Partido Socialista em Lisboa, este artigo possa ser novamente lido.

A base para este artigo parte de uma ideia, que julgo, ter cada vez mais consolidada. Um dos últimos e mais expressivos impulsos, para que a minha crença em acreditar que é confortável assumir posições de esquerda, e dar apoio a espaços ideológicos e partidários de esquerda, ou até extrema esquerda, foi o acto eleitoral de 16 de Dezembro de 2001, em que o Partido Comunista Português, em coligação com outra estrutura partidária de esquerda, o Partido Os Verdes, obteve o número de votos necessários para assumir a liderança do executivo municipal em Setúbal.

Partindo deste cenário político concelhio, passo então a explicar as razões pelas quais eu acredito que é confortável (eventualmente para muitas pessoas no nosso concelho) acreditar nos partidos de esquerda. Convêm antes demais avisar as pessoas, que tiveram a apetência para lerem até este ponto esta minha humilde e sincera opinião, sobre alguns dois esclarecimentos prévios. Em primeiro lugar informo os leitores que este artigo não é uma manifestação de apoio aos partidos de esquerda nem às suas posições políticas e ideológicas. Em segundo lugar, as próximas ideias baseiam-se mais no meu conhecimento comum, na minhas experiência e atitudes pessoais, do que numa concepção cientifica previamente estruturada. São duas as ideias nas quais eu irei fundamentar as minhas razões. A primeira refere-se à enorme capacidade de dádiva que os partidos de esquerda tem e que geram comportamentos colectivos de distanciamento perante os problemas e
os factores, em lato senso, sociais. A segunda ideia aborda um instrumento útil para qualquer político, que é a capacidade de persuasão.

Explicando melhor a questão da dádiva, segundo o antropólogo francês Marcel Mousse(1), a dádiva cria dividas, apesar de socialmente ter uma forma gratuita. Qualquer dádiva é revestida de interesses que assumem várias formas: aumento da nossa auto-estima, obtenção de reconhecimento, criação e desenvolvimento de laços sociais, conquista de mais-valias económicas a médio e longo prazo, ganho de votos pelas populações com vista a alcance de lugares de decisão política e pública. Mousse observou processos de dádiva em sociedades arcaicas como na Polinésia, e pôde constatar que a dádiva é um dos mecanismos de legitimação do poder.

São as dádivas, as ofertas sociais e económicas que a Esquerda faz, nomeadamente em Portugal, que provocam uma forma de estar social passiva (ou pacifica, como alguns actualmente agora gostam de incluir no seu cardápio moral e ideológico). As pessoas gostam de atingir uma certo grau de bem-estar, de prosperidade e de qualidade de vida, a que justamente tem direito. A Esquerda, promove estes objectivos, e fá-lo através da distribuição de poder, da distribuição de responsabilidades, da inclusão das populações nesse poder de decidir e de participar; no entanto a maneira excessivamente democrática como o faz, provoca a descaracterização do poder, o que leva em situações mais criticas à desgovernação. E uma consequência que eu julgo ser negativa, é a falsa participação das populações em processos de decisão públicos, nos quais elas julgam ter um poder efectivo. As lideranças de esquerda mostram normalmente duas faces: ou totalitária/centralizadas (os casos de Cuba, da Coreia do Norte e da ex-URSS) ou fracas/difusas (os casos do PCP de Carlos Carvalhas e do PS de António Guterres). Um caso extremo de dádiva ocorrida em Portugal no pós-25 de Abril, e que os mais velhos certamente se recordaram, foi com o período de governo de Vasco Gonçalves, que, apoiado pelos partidos de esquerda e de extrema-esquerda, iam provocando a ruína da nossa economia e da nossa sociedade, nomeadamente tendo uma política redistributiva muito forte e pesada para os recursos existentes.

A segunda ideia que referi anteriormente, a capacidade de persuasão, provoca os mesmos efeitos que a questão da dádiva. O discurso político dos partidos de esquerda, é, na sua origem, um discurso tipicamente poético, embebido de sofrimento e de sonho, inventado cenários ora paradisíacos ora infernais. Recentemente, num debate sobre "Juventude e Globalização" ocorrido em Setúbal, um político do PCP falava de uma sociedade de explorados e de exploradores...a "eterna" luta de classes segundo Marx. Provavelmente esse senhor não se lembrou da forte classe média que existe no nosso país. Portugal é um país de românticos, em que os discursos dos partidos e dos políticos de esquerda ainda encantam muitas vezes. Quem não se lembra da famosa "paixão" pela educação do Eng.º António Guterres? Este slogan encantou durante algum tempo professores, pais e alunos. Também podemos falar em demonstrações algo inovadoras do Bloco de Esquerda, que com dotes de magia teatral, consegue cativar alguns jovens das grandes áreas urbanas. Os portugueses sentem-se confortáveis ao ouvirem um discurso que os acalme, que os tranquilize, que os faça pensar que está tudo bem, e que não é necessários estarem preocupados. Um dos melhores exemplos de discurso tranquilizante foi nos dado pelo governo socialista liderado pelo conciliador Engº António Guterres.

Apesar da forma irónica com que exprimi as minhas opiniões sobre o que, de forma sintética, penso sobre a Esquerda no nosso país, tentei agir de maneira sincera. Estamos a poucos dias de ter celebrado mais um 25 de Abril (que a Esquerda faz sempre questão em dominar as mudanças e as liberdades que foram alcançados com esta revolução), mas também estamos a poucos dias da aprovação de algumas leis que seguramente vão alterar, para melhor ou para pior, os nossos quotidianos, espero que estejamos a poucos dias...de mostrar que a inércia, o falso silencio, os extremismo ideológicos, as posições partidárias em detrimento das posições cívicas e realistas; tenham cada vez menos peso e influência na sociedade portuguesa. Nós somos um povo que já se mostrou capaz, ao longo dos séculos, de transformar as palavras em actos e os actos em palavras, ou seja dizer uma coisa e fazer essa coisa, e assumir o que fizemos dizendo que o fizemos. Desculpem-me estas meias-frases, que vos indicam que nós somos um povo empreendedor!




Notas:
(1) Mousse, Marcel - "O Ensaio sobre a dádiva" Lisboa, Edições 70, 1988

Thursday, July 12, 2007

Viajante em espaços clássicos

Acredito na fundamentação das coisas, da História, da evolução do Homem. Penso que todos nós deviamos conhecer os nossos fundamentos, estejam eles em condição de vestigio, estejam eles inteiros. Tendo em conta os desejos que exprimi (em imagem) das cidades que gostaria de visitar e conhecer, a minha opinião, em parte já foi dada. Sou clássico no conhecimento, no que quero conhecer, naquilo que é mais importante conhecer.
Temos cidades que foram, e são, marcantes para a História da Humanidade. Cidades que marcaram os tempos passado, presente e futuro. É certo que temos museus em França, Inglaterra e Estados Unidos, que nos mostram um pouco de civilições clássicas, como a civilização grega, mas a Grécia ainda existe, com os traços culturais que permanecem desde a época clássica. O mesmo se aplica na China e no Japão, que são países que mantem carateristicas culturais e arquitéctónicas ancestrais.
Mas o mundo moderno também faz parte da fundamentação humana, como a cidade de Nova Iorque. Esta cidade, que também gostava muito de conhecer, e pelas imagens e informação que sobre ela existe, deve ser um autêntico caldo de cultura, de diferenças raciais e étnicas.
Talvez um dia eu seja bafejado pela sorte, e consiga visitar todas estas cidades.

Tuesday, July 10, 2007

Desejo de Viajante IV - Rio de Janeiro







Desejo de Viajante III - Roma







Desejo de Viajante II - Londres




Desejo de Viajante I - Nova Iorque

Prefiro deixar-vos com imagens sobre cidades ou países que gostaria de conhecer e sobre os quais gostaria de ter memórias.



Em Lisboa de novo

Estamos em plena actividade eleitoral em Lisboa, cidade de que já falei, e falei com gosto e ternura. São vários os candidatos, várias as candidaturas, várias ideias e projectos em teoria, várias pessoas interessadas, várias pessoas que provocam interesse, vários participantes politicos e muita...muita gente a assistir.

Lisboa é linda sob o seu manto de luz azul e sobre a sua história e estórias. Como pode a estratégia politica aproximar-se e incluir na sua definição a beleza de Lisboa?...Concretamente...Ideológicamente...não sei. Mas sinto, e sentir deve fazer parte de qualquer estratégia politica, seja ao nível de um governo de uma cidade ou de um país. Sentir a cidade de Lisboa, acordar com ela e dormir com ela, numa relação de conhecimento e de construção de uma vida. Talvez seja possível inserir este sentimento numa estratégica politica, que, por natureza deve ser racional e viável.

A grande maioria dos partidos e dos seus cabeças-de-lista, está, penso eu, em condições de sentir Lisboa. Confesso que tenho simpatia mais por uns, do que por outros, mas vão me perdoar a minha intenção em manter a minha preferência em segredo. Se apreciam a democracia responsável, a liberdade política e respeitam a pluralidade de ideias e de ideologias como eu aprecio, de çerto que poderão pressupor qual seja o meu campo ideológico.

Também tenho receio que estes candidatos (incluindo todos os membros das várias listas) percam o sentir por Lisboa, tenho receio que deixem de sentir Lisboa como devem sentir....! Poderá isso ser possível...? Será que já é possível...? Tenho gosto em ser um espectador activo, e talvez tenha a felicidade de concretização de esperanças - que eu que não sou lisboeta, e que respeito e sinto esta cidade - de ver uma Lisboa jovem, com alegria, com futuro, com vida.