Friday, April 18, 2008

Ai Portugal...Portugal....




Também podemos desabafar por escrito, talvez até gritar e esganar até perder-mos as forças, que neste caso se revelam por escrito...


O títuto (inspirado numa bonita música que uma boa parte dos portugueses conheçem), servem de ponto de partida para um crescente estado de alma que eu, e penso que muitos portugueses sentem. O nosso país vive tempos de falta de vontade colectiva, de falta de anímo, de crise estrutural que ultrapassa a dimensão económica. Bem sei que todos nós temos que contribuir para melhor o estado das coisas, mas nem todos temos os mesmos meios nem a mesma capacidade de mudar esse mesmo estado.


Sou jovem, considere-mos como tal, embora por vezes as sociedades, seja a portuguesa ou seja de outro país, possa ter interpretações diferentes do que é a juventude e até quando se vive a juventude. Existem para mim, situações actuais que desmotivam e provocam descrença num futuro a médio prazo neste país. Irei abordar um assunto que de alguma forma , diz respeito a todas as gerações de portugueses, directa ou indirectamente. Estou-me a referir ao futuro dos jovens portugueses, nascidos entre 1970 e os primeiros anos da década de 80 do secúlo passado.
Irei apenas referir a minha percepção e a minha opinião sobre como sinto que se encontra a minha geração em termos de posicionamento social e económico.


Socialmente a minha geração beneficiou de oportunidades de desenvolvimento pessoal e escolar, tem acesso a mais estruturas de apresendizagem e de facilitação do relacionamento social, do que as gerações anteriores mais próximas: a de 60-70; a de 50-60; ou a de 40-50. Os cuidados de saúde também são mais completos e eficazes do que eram à 40 anos atrás. Mas porquê esta fragilidade social que por vezes observo....?

A minha geração é a primeira a prolongar a sua estada na juventude após os 30, é a primeira a investir mais na carreira profissional do que na vida familiar, é a primeira a consumir mais cultura do que as gerações anteriores, também é a primeira a servir de cobaia do sistema democrático instalado pelo 25 de Abril. Estas primazias não são necessáriamente boas, não são geradoras, na sua globalidade, de indíces de desenvolvimento social.Sem dúvida que a vida profissional é importante, e hoje em dia é o cada vez mais. Mas construir uma carreira profissional, e centrar unica e exclusivamente a nossa vida nisso, não me parecer ser o mais certo, o mais adequado. Talvez se distribuissemos equilibradamente o nosso tempo entre vida familiar, vida pessoal e vida profissional, talvez a fragilidade já seja menor. Outro aspecto quye julgo que é pertinente referir é o facto de nos terem dado a falsa ideia de que deviamos ter seguido para o ensino superior....e seguimos mesmo! Só que as consequencias da obtenção de certificações universitárias em muitas áreas académicas, não nos favoreçeram em relação à entrada no mercado de trabalho. Será que à 20, 15 ou 10 anos atrás nos disseram a verdade toda....? Ou os decisores governamentais portuguesas das década de 80 e 90 não sabiam qualquer era a verdade...?

Perante a Economia, e de forma genérica, a minha geração tem vindo a experimentar verdadeiros testes de paciência....! Somos uma geração adiada económicamente, e cujos os resultados de produção de riqueza (comparativamente com as gerações anteriores) são menores. Utilizar um discurso miserabilista e de vitimização também não adianta muito nem seria pertinente, mas devemos identificar factores que tem dificultado a nossa vida e a nossa contribuição para a economia portuguesa. Um desses factores, diz respeito a muitas condições contractuais que pessoas da minha geração tem tido - é a realidade dos recibos verdes e dos contractos a prazo (alguns já levam quase 20 anos nessas condições). Só este factor leva a que não tenhamos grande capacidade de obtenção de crédito para a compra de habitação própria, por exemplo. Ou até, em alguns casos, para a compra de um carro. Como é que querem que sejamos agentes económicos com capacidade para contribuir para o desenvolvimento do nosso país, se não nos dão condições para tal..? Medidas avulsas, como a redução do IVA em 1% ou o prolongamento do reembolso de crédito à habitação, não me parecem ser soluções adequadas e que contribuam efectivamente para a melhoria da capacidade económica da minha geração e de outras gerações do nosso país.

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